terça-feira, 12 de maio de 2009

Carta aberta de Rosa Virgínia Mattos e Silva ao Magnífico Reitor

Posted on/at 13:33 by C.A. de Letras

A seguinte carta foi escrita pela prof.ª Rosa Virgínia e enviada ao jornal A Tarde e ao gabinete da reitoria, não tendo sido publicada pelo primeiro, nem respondida pelo segundo, até o momento.

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Caro Naomar,
Permita-me chamá-lo assim, Você que hoje é o Magnífico Reitor da UFBA. Contudo já o conheço de muito tempo, desde a época de estudante de Medicina, quando fez campanha contra os hospitais psiquiátricos de Salvador; depois já médico e Doutor, Você conseguiu criar o Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, desmembrando-o do Departamento de Medicina Preventiva da FAMED-UFBA. Antes disso, porém, participei de uma comissão para julgar contos de estudantes e o seu texto, sobre um arquivo informatizado que se humanizava, foi o vencedor. Depois, Você publicou uma novela intitulada Ernesto Cão, que li com prazer.
Os tempos, entretanto, mudaram. E como!
Você se tornou Reitor por consulta direta, já está na segunda gestão e tem conduzido o projeto REUNI (Reestruturação e Expansão da Universidades Federais), hoje uma realidade, e − soube − tem lutado para que não haja mais o famigerado vestibular. Como se pode ver, Você é um batalhador desde o tempo de estudante.
Naomar − permita-me a intimidade −, mas considero que meus cabelos brancos e o nosso antigo conhecimento dão azo ao tratamento aqui usado.
O objetivo desta breve missiva é simples, embora tenha se tornado complexo. Sou hoje Professora Titular do Instituto de Letras da UFBA, o que Você sabe. Tornamo-nos titulares na mesma leva. Este Instituto é reconhecido pela CAPES como um dos Institutos da UFBA que mais produzem e que possuem grandes e evidentes grupos de pesquisa. Assim sendo, o nosso Instituto merecia maior reconhecimento por parte do Reitor e do CONSUNI.
Estamos vivendo de dois de dezembro para cá momentos difíceis e estressantes, que Você bem conhece. Não entrarei em detalhes, nem citarei nomes (acho deselegante). Mas, para os leitores que estão por fora do nosso problema administrativo, digo apenas que, desde dois de dezembro de 2008, estamos com uma diretora pro tempore, função que não deveria durar tanto quanto tem durado.
Para finalizar, digo-lhe que me decepciono com Você, pelo − que parece − desinteresse por nosso Instituto. Nós que, no tempo de outro Reitor, éramos consideradas "as aguerridas professoras de Letras" (o feminino é porque a maioria era, então, de mulheres).
Esperando ser lida e atendida, sem mais para o momento, despeço-me.

ROSA VIRGÍNIA MATTOS E SILVA
Professora Titular do ILUFBA
Pesquisadora I-A do CNPq

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